PRINCIPAL   I   FILMES    I   COLUNAS   I   AGENDA DE FESTIVAIS   I   VARIEDADES   I   
Alexander Mello   I   Cadu Valinoti   I    Felipe Cabral   I   Laila Domith   I   Convidados
     
   
FILMES RAROS: "TOMBOY"  
“Tomboy” e “Meninos Não Choram” apresentam personagens e conflitos imperdíveis.

POR FELIPE CABRAL
 
   
 
 
   
Esse post poderia ser bem curto e só dizer: vá ver esses filmes agora que a gente conversa depois. Há alguns dias atrás, fui conhecer a Livraria da Cultura no Centro do Rio (ótima, por sinal) e me deparei com um DVD do filme “Tomboy”, de Céline Sciamma, de 2011. Olhei para aquela capa do DVD e me lembrei que já tinha ouvido falar naquele filme. Não era um filme de um menino que é uma menina? Ou uma menina que é um menino? Ou algo assim? Curioso, fui atrás dele na internet e assisti o filme.

É um dos filmes mais tocantes e delicados que já vi. Se você pretende assisti-lo sem saber do que se trata, para de ler agora e vá correndo procurar o filme. Senão, relaxe e leia. Comecei a ver o filme e logo na primeira cena vemos uma criança brincando de dirigir seu carro no colo do pai. Não dá pra saber de cara se é um menino ou uma menina. Ela, a criança, chega em casa, brinca com sua irmã mais nova e começa a fazer amizades com as outras crianças no prédio, em especial com Lisa. Logo que se conhecem, Lisa pergunta o seu nome, ao que ela responde: “Mikael”. Pronto, aí começa tudo


.


O trailer, muito inteligente, diz: “Mikael is the new kid in town” (Mikael é a nova criança na cidade). E depois diz que ele tem um segredo. O segredo do menino só é revelado aos 15 minutos do filme, quando ele está tomando banho com sua irmã menor e sua mãe lhe diz: “Laura, saia do banho!”. Laura? O menino levanta e o vemos nu. É uma menina.




A expressão “tomboy” diz respeito a meninas que se vestem e exibem comportamentos tipicamente masculinos. Depois que o público já sabe da situação de Laura, a história se desenrola mostrando Laura se relacionando com Lisa e com seus novos amigos. Ela vai jogar futebol, observa os meninos sem camisa, chega em casa e olha seu corpo no espelho, cuspe no chão durante o jogo para se sentir mais menino, e por aí vai.
 

É evidente que ficamos querendo saber onde tudo isso vai dar e, aos poucos, os outros personagens vão descobrindo o segredo de Mikael. Não vou contar para não estragar nenhuma surpresa do filme. As cenas de Laura (Zoé Héran) com sua irmã menor, Jeanne (Malonn Lévana), são de deixar qualquer marmanjo babando de tanta fofura. O filme já ganhou vários festivais pelo mundo e o trabalho da pequena Zoé é uma delícia de ver.




Por se tratar de uma criança, acredito que as pessoas estejam mais abertas e receptivas para assistirem a esse drama sem serem críticas ou preconceituosas. É difícil não se comover com a pequena Laura tentando se adaptar ao seu grupo de amigos. Com o passar do filme você acaba achando que ela é um menino mesmo. O próprio pai a trata como um menino em determinados momentos. É apenas uma criança, uma menina, que prefere ser um menino. Como lidar com isso?


Se você viu o filme e quer saber o nome da deliciosa música quando Lisa e Laura dançam no quarto, ela se chama “Always”, de Para One. Eu ouvi e fiquei vidrado. Tem no Youtube. Outra pequena dica: tem outro filme francês excelente que vocês podem ver (não tem a ver com sexualidade, mas merece ser visto!) chamado “Qual é o nome do bebê?” – é divertidíssimo!


O segundo filme que assisti e que já tinha vontade de ver há muito tempo foi “Meninos Não Choram”, de Kimberly Pierce, de 1999, com a atriz Hilary Swank. O longa é baseado numa história real acontecida nos Estados Unidos na década de 90 sobre crimes de ódio. Na trama, temos Teena Brandon, uma jovem que se veste e se comporta como menino, Brandon.




Hilary está um verdadeiro arraso nesse filme. Qualquer um vai ficar de queixo caído, é sério. É um trabalho muito difícil de se fazer, o que ela fez. A história mostra Brandon se relacionando com novos amigos e se apaixonando por Lana (Chloe Sevigny). Se em “Tomboy” temos toda a delicadeza de uma relação infantil, em “Meninos...” a barra fica bem mais pesada. Tem cenas de sexo, inclusive de Brandon com Lana, e a tensão do momento da revelação do segredo da jovem provoca conseqüências nada agradáveis. O filme é mais do que um soco no estômago e vai fazer você ficar bem apreensivo.


 

De qualquer forma, merece muito ser visto! É uma excelente história que retrata novamente uma jovem com crise de identidade sexual. O que ambos os filmes dessa semana nos mostram é como a questão da sexualidade e gênero se misturam nessas histórias. Brandon não se diz lésbica. Para ela, ela é um menino que gosta de meninas, não uma lésbica. É uma discussão que não tenho conhecimento para sustentar, mas que é levantada nos filmes e é muito interessante.


Sim, “Boys Don´t Cry” é uma música da banda The Cure e toca no filme também, caso você tenha ficado com essa referência na cabeça. Se você já viu algum desses filmes, deixe seu comentário aqui embaixo! E se tiver filmes para sugerir, fique à vontade!
 
 
         
Formado em Jornalismo e Artes Cênicas no Rio de Janeiro, FELIPE CABRAL trabalha como ator, autor e diretor. Cria da tradicional escola de teatro O Tablado, é co-diretor do FESTU Rio - Festival de Teatro Universitário. Protagonizou o seriado "Quero Ser Solteira", no canal Multishow, além de assinar seu roteiro. Depois de dirigir e atuar no seu premiado curta-metragem "Gaydar', está em fase de finalização do seu segundo filme, "Rótulo", com estreia prevista para 2014. Seu último trabalho na televisão foi uma participação na novela "Salve Jorge". Dentre seus mais recentes trabalhos no teatro estão os espetáculos "Norma", "Vermelho Valentino", "Lava-se Roupa Suja" e "O Dragão Verde".
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
         
         
  FILMES RAROS: TOMBOY
Tomboy” e “Meninos Não Choram” apresentam personagens e conflitos imperdíveis.
 
         
  FILMES RAROS: LUZ ACESA
“Flores Raras” e “Deixe a Luz Acesa” merecem a ida aos cinemas.

POR FELIPE CABRAL
 
         
  E SE O GAYDAR REALMENTE EXISTISSE?
"Gaydar"foi um dos destaques do Rio Festival Gay de Cinema

POR FELIPE CABRAL
 
         
     
COMENTAR    
 
   
     
Visite os Websites do Festival
RIO FESTIVAL GAY DE CINEMA 2011 / 2012 / 2013 / 2014
 
RioFGC.com ©2014 Cromakey. Todos os Direitos Reservados.