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FILMES RAROS: LUZ ACESA |
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“Flores Raras” e “Deixe a Luz Acesa” merecem a ida aos cinemas.
POR FELIPE CABRAL |
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Essa semana fiz questão de conferir dois filmes que estão em cartaz nos cinemas, “Flores Raras” e “Deixe a Luz Acesa”. Não fiquei nada desapontado. Pelo contrário, ambos os filmes são de excelente qualidade.
Vi na sexta-feira (16), o longa metragem que trazia a consagrada atriz Glória Pires no papel de Lota, uma arquiteta brasileira que se envolveu com a poetisa americana Elisabeth Bishop, interpretada por Miranda Otto. A curiosidade de ver o filme de Bruno Barreto já começa com a feliz escolha de Glória para o papel. Como é que ela está em cena? Sinceramente, palmas para essa atriz, mais uma vez. Para ela e para Miranda, que apresenta um trabalho mais contido, deixando Bishop interessante de se ver.
Na sessão que fui, de noite e relativamente vazia, fiquei me questionando se o filme faria um sucesso estrondoso de público. Afinal, é um “filme gay”. Durante várias cenas de intimidade entre as protagonistas, ouvia risadinhas na plateia. Não havia a menor graça, pensei. Me remeteu às risadas da época de colégio onde as crianças riem do menino mais afeminado ou da menina mais “masculina”. Era um riso de nervoso. Mais fácil rir do que levar a sério, pensei.
Taxar “Flores Raras” de um filme homossexual é ser raso quanto a uma bela história de amor. Nunca vi ninguém falando que tal filme é um “filme hétero”, por exemplo. O que conta é a história, se é boa ou não, se é comovente ou não. Lota e Elisabeth se conhecem no Rio de Janeiro e passam anos juntas. Lota aparenta ser muito mais segura, decidida, que quer ter tudo o que pode ter. Agrada Elisabeth, constrói um estúdio para ela escrever, detona um morro só para a amante ter uma melhor vista. Elisabeth não quer incomodar, não tem orgulho de sua própria obra, começa a beber. “Quando as coisas vão mal, eu me sinto triste e deprimida. Quando estão indo bem, eu sinto que vou perdê-las”, diz Bishop em determinado momento.
É Lota que segura Elisabeth, não a deixa cair. Ao mesmo tempo, diz que Elisabeth não pode sair dali e aceitar uma oferta para dar aulas nos EUA, pois Lota precisa dela ali. Precisa, mas começa a não estar presente. A reviravolta final do filme, com a tomada de decisão de Elisabeth e as conseqüências desse ato para Lota, levam a um desfecho melancólico. Não sabia como a história das duas terminava e é bom ir ao cinema sem saber. Aonde uma relação pode nos levar, não é?
O outro filme que merece muito ser visto se chama ”Deixe a Luz Acesa” (Kepp the lights on), do diretor Ira Sachs. Somente depois de assistir ao filme que descobri que ele era baseado na relação do diretor com o escritor Bill Clegg, que chegou a escrever o livro “Retratos de um viciado quando jovem”, pela Cia das Letras.
O longa se encontra apenas em um horário de uma só sala no Rio de Janeiro, pois está saindo de cartaz. Eu iria até lá conferir se fosse você. A trama mostra o documentarista Erik, interpretado maravilhosamente bem por Thure Lindhardt, indo atrás de sexo casual até encontrar com Paul (Zachary Booth), com quem se envolve por alguns anos.
A história desse casal em Nova Iorque passa por altos e baixos quando Paul se deixa levar pelas drogas. O filme nem levanta a questão de seus protagonistas serem gays. É uma história sobre um casal e pronto. E é uma ótima história. Erik passa muito tempo tentando cuidar de Paul. Mostrar que ele precisa sair daquele mundo do vício. Ele tenta e consegue. Paul melhora. Os anos passam. Paul piora. Erik desiste. Erik tenta. Paul melhora. Paul piora. A turbulenta relação dos dois, com o passar dos anos, é um retrato de uma relação. Enquanto via o filme, pensava o quanto nos doamos para alguém, o quanto achamos que podemos mudar alguém, o quanto já nos submetemos a coisas que hoje não nos submeteríamos mais, o quanto apesar de todas as merdas que aconteceram numa relação, aquela pessoa é a pessoa com quem você quer estar junto e ponto final.
Dois filmes, dois casais, duas histórias que atravessam o tempo. O escurinho do cinema está com tudo. |
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Formado em Jornalismo e Artes Cênicas no Rio de Janeiro, FELIPE CABRAL trabalha como ator, autor e diretor. Cria da tradicional escola de teatro O Tablado, é co-diretor do FESTU Rio - Festival de Teatro Universitário. Protagonizou o seriado "Quero Ser Solteira", no canal Multishow, além de assinar seu roteiro. Depois de dirigir e atuar no seu premiado curta-metragem "Gaydar', está em fase de finalização do seu segundo filme, "Rótulo", com estreia prevista para 2014. Seu último trabalho na televisão foi uma participação na novela "Salve Jorge". Dentre seus mais recentes trabalhos no teatro estão os espetáculos "Norma", "Vermelho Valentino", "Lava-se Roupa Suja" e "O Dragão Verde".
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FILMES RAROS: TOMBOY
“Tomboy” e “Meninos Não Choram” apresentam personagens e conflitos imperdíveis.
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FILMES RAROS: LUZ ACESA
“Flores Raras” e “Deixe a Luz Acesa” merecem a ida aos cinemas.
POR FELIPE CABRAL |
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E SE O GAYDAR REALMENTE EXISTISSE?
"Gaydar"foi um dos destaques do Rio Festival Gay de Cinema
POR FELIPE CABRAL |
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