LUIS CARLOS LACERDA – O OLHAR POÉTICO DO CINEMA BRASILEIRO

Em 2025, o RIO LGBTQIA+ – Festival Internacional de Cinema homenageia um dos grandes mestres do cinema brasileiro: Luiz Carlos Lacerda, carinhosamente conhecido como Bigode. Com uma trajetória marcada pela sensibilidade poética e pelo olhar afetuoso sobre a cultura e a diversidade, Lacerda se consolida como um dos nomes mais importantes do audiovisual nacional.

Bigode iniciou sua carreira nos anos 1970, estreando como diretor com o longa-metragem Mãos Vazias (1971), que já evidenciava seu talento para explorar relações humanas com delicadeza e profundidade. Em seguida, dirigiu obras marcantes como Leila Diniz (1987), um tributo à icônica atriz que desafiou normas sociais e se tornou símbolo de liberdade e autenticidade no Brasil. O filme é lembrado até hoje por seu caráter intimista e seu respeito à memória de Leila.

Outro destaque de sua filmografia é For All – O Trampolim da Vitória (1997), co-dirigido com Buza Ferraz. A obra, uma comédia dramática ambientada durante a Segunda Guerra Mundial, revela um olhar sensível para temas como amizade e amor em tempos de conflito. O filme recebeu aclamação da crítica e diversos prêmios em festivais.

Lacerda também dirigiu Viva Sapato! (2004), uma comédia política filmada em Cuba que explora as semelhanças culturais entre os dois países e aborda a repressão aos homossexuais na ilha caribenha. Entre seus outros trabalhos destacam-se O Princípio do Prazer (1979), que traz um personagem homossexual, característica presente na maioria de seus filmes; Introdução à Música do Sangue (2017), um drama protagonizado por Ney Latorraca em seu último papel no cinema; e O que Seria Deste Mundo Sem Paixão? (2021), que retrata o encontro entre o romancista Lúcio Cardoso (Armando Babaioff) e o poeta Murilo Mendes (Saulo Arcoverde), entre outros títulos.

Ao longo de sua carreira, Bigode construiu uma filmografia que transita entre a ficção e o documentário, sempre com uma abordagem lírica e comprometida com a autenticidade dos personagens. Seu trabalho reflete não apenas uma visão artística refinada, mas também um compromisso com temas sociais e políticos, especialmente relacionados à liberdade e aos direitos humanos.

No RIO LGBTQIA+ 2025, celebramos Luiz Carlos Lacerda não apenas por suas contribuições cinematográficas, mas por seu papel fundamental na construção de um cinema plural, inclusivo e poeticamente transformador.